Porque estou pintando minhas fotos

Nasci e cresci rodeado de livros de arte e discos de opera, jazz e musica clássica e aprendi desde criança o gosto pela arte. Meu pai que era escritor e diretor de Teatro e TV e minha mãe que era jornalista especializada em TV e artes sempre me incentivaram a percorrer os caminhos das artes. Eu sempre, desde pequenino, sempre estava com um lápis na mão, ou pintando algo. Minha mãe me deixava grafitar as paredes de meu quarto, da maneira como eu queria.Depois aos 12 anos iniciei na fotografia.

Mas me aprofundei nas artes um pouco mais pra frente quando estudei Comunicação Visual no IADÊ. Ali tive como professores Jorge Soza, na época presidente da Bienal e JJ Morais, um mito nas artes, entre outros. Estudei pintura, escultura, colagem, musica,etc, mas vi que meu negócio era desenhar, pintar e fotografar.

Assim na jornada na fotografia, desde 2005, quando enveredei pela fotografia de natureza estive a procura de expressar a "alma" das vidas da floresta, mas sempre chegava a um ponto em que a fotografia sozinha, não me bastava.

Aí, nas madrugadas afora, pois durmo muito pouco, fui tentando aqui e ali e surgiu meu trabalho que mistura pintura e fotografia (ou vice-versa). Me aprofundei muito nisso e recentemente descobri que é uma técnica antiga, aplicada por poucos, mas que tem um conceito interessante, veja aqui o que a Enciclopédia Itaú Cultural fala sobre isso:

Fotopintura, Photo-peinture; Photography on canvas

Definição

Processo inventado por André Adolphe Eugène Disdéri (1819-1889/90) em torno de 1863, a fotopintura é obtida a partir de uma base fotográfica em baixo contraste - que tanto pode ser uma tela quanto uma imagem sobre papel - sobre a qual o pintor aplica as tintas de sua preferência, geralmente guache, para o papel, e óleo, para as telas. Já em 1866 encontramos os primeiros praticantes deste processo no Brasil.

Veja na Enciclopédia Itaú Cultural clicando aqui

Falando em fotopintura pra mim o processo ideal é imprimir a foto em papel de fibra de algodão da Canson ou Hanemulle, e trabalhar esta foto impressa com Pasteis Rembrandt, e tintas aquarela Ecoline da Talens holandesa e alguns toques de tinta Nankin colorida Staedtler, aonde necessitar maior cobertura. Depois disso escanear e tratar no Perfect Photo Suite da One One Software.

Qual o objetivo? Não é só estética: estou atrás de captar a "alma" destes "seres" fotografados, sejam ocos de arvores, raízes, fungos ou pedras. Sempre eu vou busca-los no mais profundo das florestas que é aonde encontro as formas mais vivas e mais lindas. Nas minhas expedições eu percorro as Florestas da Mata Atlântica sozinho ou com algum ajudante por muitas horas. E sempre em florestas aonde nunca pisou o ser humano.

Você nem imagina as belezas que existem escondidas nestas florestas intocadas. São muitas maravilhas e belezas. Mas tem pessoas que não conseguem perceber esta "profundidade".

Você pega uma pedra e tem milhões de seres pequeninos, bactérias, fungos,etc que convivem ali. E assim tocos de arvore, cogumelos, arvores caídas, raízes, todos tem muita vida vivendo, pulsando.

Então eu coloco cor naquilo que só eu vejo,porque vejo ali uma "alma"ou vida. É como eu sinto aquela forma pulsando.

É meu grito para que as pessoas percebam que a Floresta é viva, tem alma, tem milhões e bilhões de "almas". As florestas vivas produzem água e são o "ar condicionado" do planeta, sem a "alma" delas viva não vai mais existir vida.